segunda-feira, 16 de abril de 2012

AutoControle? Pode ser uma solução...


Autocontrole pode ser mais importante do que inteligência, diz pesquisa


Estudo que avaliou 1.500 pessoas do nascimento aos 32 anos constatou que aquelas que conseguiram se controlar desde pequenas tiveram menos problemas de saúde e vícios

Ajudar seu filho a ter autocontrole desde pequeno contribui para que ele tenha uma vida adulta mais saudável e feliz. E , para o bem-estar a longo prazo, essa qualidade pode ser mais importante até mesmo do que a inteligência. É o que mostrou um estudo da Duke University, nos EUA. Os pesquisadores avaliaram 1.500 pessoas desde o nascimento até os 32 anos. E constataram que aquelas que conseguiram se controlar desde a infância tiveram menos doenças (como hipertensão e obesidade), problemas financeiros e dependência a drogas, cigarro e álcool. 
Os cientistas levaram em conta características como tolerância aos sentimentos de frustração, persistência para atingir um objetivo, hiperatividade e dificuldade de se manter concentrado em uma mesma tarefa (montar um quebra-cabeça, por exemplo). "Autocontrole é uma qualidade vital para planejar aonde você quer ir, controlar o temperamento quando a vida o frustra, conviver bem com outras pessoas, saber esperar o que é realmente bom em vez de se contentar com seduções imediatas", disse à CRESCER Terrie Moffitt, principal autor do estudo e professor do departamento de psicologia e neurociências da Duke University. 

Essa virtude não deve ser confundida com o controle de sentimentos, a ponto de a criança aprender a reprimir o que sente (o que é totalmente contraindicado). “Uma coisa é o filho ficar chateado porque não pode ver TV na hora que quer e aprender a superar esse momento. Outra é proibi-lo de chorar porque está triste”, explica a psicanalista Anne Lise Scappaticci, professora de terapia familiar da Unifesp e colunista da CRESCER. 

A forma mais comum da falta de controle é a impulsividade: seu filho se frustra ou se cansa e deixa claro sua insatisfação – com um escândalo ou desistindo da atividade. É claro que fazer 
birra é normal na infância. Os pais só precisam ficar atentos aos exageros. "Se as reações negativas se tornam um hábito e prejudicam a criança nas relações com outras pessoas, há um problema aí", indica Moffitt. 

A consultora de Recursos Humanos Angela Camargo, 34, conversa sempre com sua filha, Luisa, de 3 anos, para que ela etenda que as frustrações fazem parte da vida. “Às vezes não é fácil, mas eu não cedo”, diz. “Mas não vivemos num quartel militar: a gente negocia um prazo, algumas trocas.” Afinal de contas, os combinados também são uma maneira de impor limites.

E saiba que o problema pode se manifestar exatamente de maneira oposta. Vítimas constantes de bullying ou crianças que ficam apáticas diante de uma situação difícil também mostram que não têm controle de si. 

Dá para ensinar? 
Os especialistas concordam que é possível, sim, orientar a criança desde cedo para que ela aprenda a ter autocontrole. A dica básica é ter em mente que o aprendizado tem dois lados, dos pais e da criança, e que uma boa conversa é essencial sempre. Adultos pacientes e equilibrados tendem a ser mais bem-sucedidos ao ajudar o filho a lidar com frustrações e limites. Veja a seguir outros exemplos de como praticar tudo isso na sua família.



Crianças pequenas
Desde bebê, seu filho consegue compreender que nem tudo é possível o tempo todo. Só que, até os três anos, a linguagem não verbal é a mais importante. A criança vai entender os argumentos do adulto pelo tom de voz e pela postura. 

Dica: esteja tranquilo e trate o assunto com a devida importância. Uma explicação dada de maneira distraída dificilmente será acatada pelo pequeno. 

Na hora das compras
Você não precisa atender todos os pedidos do seu filho. O indicado é criar regras: se o filho deseja um celular novo, os pais podem combinar com ele que a troca ocorrerá uma vez por ano ou no próximo aniversário, por exemplo. Crie condições que forcem a criança a se controlar. "É uma oportunidade para os pais mostrarem aos filhos que acreditam que eles saberão fazer escolhas sábias. A aprovação da família é um fator forte também", diz Moffitt. 

Dica: uma ideia é dar o dinheiro exato para o filho usar num passeio. Assim, ele precisará fazer escolhas sensatas para fazer a verba render. Ou, então, ao entregar a mesada, converse com o filho para ajudá-lo a planejar os gastos: se ele não comprar vários chocolates ao longo da semana, terá dinheiro para ir ao cinema com os amigos no sábado.

Com os amigos
Explique sempre para a criança que seus atos e decisões sempre têm alguma conseqüência, adequando o tom e as explicações para a idade. 

Dica: diga ao seu filho que, se explodir com o amigo num jogo de futebol, ele certamente ficará magoado. Se desistir de pintar todo o desenho porque está difícil, a obra não vai ficar tão bonita. 





Outras fontes: Guilherme Polanczky, psiquiatra da infância e da adolescência e professor da Faculdade de Medicina da USP, e Quézia Bombonatto, psicopedagoga e presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia
(Reportagem Juliane Silveira na Revista Crescer em: http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI217252-15151,00.html)

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